Mais Um Capítulo da Crise de Credibilidade na Alerj
A quarta-feira (3) marcou mais um abalo político no Estado do Rio de Janeiro: Rodrigo Bacellar (União Brasil), presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e um dos nomes mais influentes do Legislativo fluminense, foi preso pela Polícia Federal no âmbito da Operação Unha e Carne. A ação expõe, mais uma vez, o desgaste crescente das instituições estaduais e a sensação de impunidade que parece reinar entre parte dos seus representantes.
Segundo a PF, Bacellar teria atuado diretamente no vazamento de informações sigilosas, contribuindo para obstruir investigações da Operação Zargun — operação responsável pela prisão do deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva (MDB), o TH Joias, acusado de integrar um esquema criminoso. A suspeita é de que agentes públicos colaboravam entre si, protegendo aliados políticos e sabotando o trabalho investigativo das autoridades federais.
A prisão do presidente da Alerj, cargo que exige equilíbrio, responsabilidade institucional e compromisso com a transparência, joga luz sobre a fragilidade ética da atual composição da Casa. O episódio reforça a percepção de que a Alerj se tornou palco de práticas políticas que ignoram limites legais e morais, alimentando um ambiente de proteção mútua entre parlamentares e operadores de bastidores.
Bacellar, que vinha construindo uma imagem de articulador forte e hábil nas negociações internas, agora vê sua carreira colocada em xeque. Sua detenção revela que, por trás da influência política, pode haver um jogo perigoso de favorecimentos e blindagens — justamente o tipo de conduta que distancia a população de seus representantes.
A crise provocada pela prisão de mais um parlamentar fluminense mostra que o Rio de Janeiro permanece prisioneiro de velhas práticas, onde o interesse público parece sempre ficar em segundo plano. Agora, resta saber se a Alerj continuará fechando os olhos para seus próprios escândalos ou se finalmente adotará uma postura firme diante da sucessão de crimes envolvendo seus membros.
Enquanto isso, a sociedade observa perplexa — e cada vez mais descrente — a cena política do estado que insiste em repetir seus erros.