A Transparência Internacional classificou como “desonra que o povo brasileiro não merecia” a operação do governo federal que utilizou uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para trazer ao país a ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, condenada por corrupção. O custo da missão foi de R$ 345 mil, valor divulgado apenas após pedido de informação protocolado pela bancada do partido NOVO.
Em nota divulgada nesta semana, a ONG afirmou que o caso representa “um dos episódios mais infames da história latino-americana”, criticando tanto o gasto público quanto a concessão de asilo diplomático pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Custo da Operação
Segundo dados fornecidos pela FAB, o voo realizado em abril deste ano somou R$ 345.013,56. O montante inclui:
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R$ 318 mil em despesas logísticas (combustível, manutenção e horas de voo)
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R$ 7,5 mil em diárias da tripulação
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R$ 19,5 mil em taxas aeroportuárias
A viagem foi realizada em um jato Embraer E-135 Shuttle (VC-99C), que decolou de Brasília, fez escala em Cuiabá e seguiu para Lima, retornando ao Brasil no dia 16 de abril.
Quem é Nadine Heredia
Nadine Heredia é esposa do ex-presidente peruano Ollanta Humala e foi condenada por corrupção e lavagem de dinheiro em um esquema ligado à Odebrecht. Ela recebeu asilo diplomático do Brasil sob justificativa humanitária, uma vez que passa por tratamento contra câncer.
A decisão se baseou na Convenção de Caracas (1954), que rege o asilo diplomático na América Latina.
Reações e Investigações
A divulgação dos gastos ocorreu após requerimento do deputado Marcel van Hattem (NOVO), que criticou o governo por impor sigilo de cinco anos ao custo da missão. Para ele, o episódio “demonstra a desconexão do governo Lula com a realidade fiscal do país”.
O Tribunal de Contas da União (TCU) já abriu investigação para apurar os motivos do sigilo e a regularidade da operação.
Críticas da Transparência Internacional
A entidade global anticorrupção apontou três problemas principais no episódio:
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Uso controverso de recursos públicos para transportar uma condenada por crimes financeiros;
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Impacto negativo na imagem internacional do Brasil, especialmente em acordos de combate à corrupção;
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Falta de transparência devido ao sigilo imposto aos dados da operação.
A ONG também afirmou que a ação “compromete o compromisso do país com boas práticas de governança”.
Contexto Político
O caso reacende o debate sobre prioridades do governo federal e políticas de asilo no continente. A oposição afirma que o episódio simboliza favorecimento político e mau uso de dinheiro público, enquanto o governo alega que agiu conforme tratados internacionais e por razões humanitárias.





