Na manhã desta última quinta-feira (18/12), a Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou a Operação Firewall para desarticular um esquema sofisticado de fraude digital que interferia diretamente no cumprimento de mandados de prisão no estado. A investigação revelou que criminosos invadiam sistemas do Judiciário para ocultar ordens judiciais, beneficiando integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV).
A ação é conduzida por agentes da 126ª Delegacia de Polícia (Cabo Frio), com apoio da Polícia Militar do Rio de Janeiro e da Polícia Civil de Minas Gerais. Mandados de prisão e de busca e apreensão foram cumpridos nos dois estados. Até o momento, duas pessoas foram presas.
As apurações tiveram início em julho deste ano, após policiais identificarem anúncios criminosos em ambientes digitais oferecendo a chamada “remoção” de mandados de prisão mediante o pagamento de R$ 3 mil. Segundo os investigadores, após o pagamento, o nome do interessado deixaria de constar nos sistemas consultados pelas forças de segurança, criando uma falsa aparência de regularidade.
Em todas as ofertas, havia referência direta ao Comando Vermelho, o que, de acordo com a Polícia Civil, indicava claramente o público-alvo do serviço ilegal: integrantes e aliados da facção que buscavam escapar de prisões durante abordagens policiais ou fiscalizações de rotina.
Com o avanço das diligências, os investigadores constataram que os hackers não apagavam os mandados, o que seria tecnicamente impossível. Em vez disso, eles alteravam dados sensíveis no Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões (BNMP), sistema utilizado nacionalmente para o controle e a consulta de ordens judiciais.
A Polícia Civil destacou que o esquema representava uma grave ameaça à segurança pública, pois comprometia a efetividade do sistema de Justiça e permitia que criminosos com mandados em aberto circulassem livremente. As investigações continuam para identificar outros envolvidos, possíveis beneficiários do esquema e eventuais falhas exploradas nos sistemas digitais.
A Operação Firewall segue em andamento, e novas prisões não estão descartadas.









