O Brasil afunda em dívidas: 30% das famílias não conseguem pagar as contas

tribunadatarde
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Inadimplência recorde expõe a fatura do descontrole fiscal e dos juros altos no Brasil

Mais de 30% das famílias brasileiras estão com contas em atraso — o maior índice em 15 anos. Especialistas apontam que o peso dos juros e o gasto público sem freio agravam o endividamento e travam a economia.

O Brasil alcançou, em setembro, o maior nível de inadimplência desde o início da série histórica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em 2010. Segundo o levantamento, 30,5% das famílias estão com contas em atraso, um número que sintetiza a deterioração silenciosa da saúde financeira doméstica e o esgotamento do poder de compra do brasileiro.

A pesquisa mostra ainda que 13% das famílias não têm condições de quitar suas dívidas, enquanto 18,8% comprometem mais da metade da renda mensal apenas com pagamentos de débitos. O dado mais alarmante, porém, é a persistência da inadimplência: quase metade (48,7%) das famílias endividadas permanece nessa situação há mais de três meses — sinal claro de que o problema deixou de ser pontual e se tornou estrutural.

Para o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, o cenário reflete o impacto direto da política de juros altos sobre o orçamento das famílias e sobre o desempenho do comércio. “O aumento do custo do crédito e o alongamento dos prazos de atraso reduzem o consumo e pressionam a atividade econômica”, afirma. A previsão da entidade é de que a taxa de inadimplência pode subir para 30,9% até dezembro, consolidando um final de ano com menor dinamismo nas vendas e mais aperto nas contas.

Contudo, o problema vai além da taxa Selic. Analistas destacam que a manutenção dos juros em patamar elevado é uma consequência direta da falta de equilíbrio fiscal e da expansão de gastos promovida pelo governo federal. O aumento da despesa pública sem contrapartida em receita sólida tem limitado a capacidade do Banco Central de reduzir os juros de forma consistente — criando um círculo vicioso entre descontrole fiscal, crédito caro e baixo crescimento.

Na prática, o cidadão paga a conta duas vezes: primeiro, ao ver o custo do crédito disparar; depois, ao sentir o impacto do desequilíbrio nas políticas públicas. O endividamento crescente das famílias é o retrato de um país que gasta mais do que arrecada e cobra caro por isso — um modelo que sufoca o consumo, freia o investimento e alimenta a própria crise que deveria combater.

Por Marcos Soares
Jornalista – Analista Político                                                                                                                                   instagram.com/@marcossoaresrj

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