Confronto entre criminosos no Complexo da Maré paralisa uma das principais vias expressas do Rio e escancara o poder do crime organizado sobre a rotina dos cidadãos.
Rio de Janeiro — Uma passageira de aplicativo, Bárbara Elisa Yabeta Borges, de 28 anos, morreu nesta sexta-feira (31) após ser atingida por um tiro na cabeça durante um confronto entre facções rivais no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio. O episódio, que ocorreu por volta das 14h40, provocou pânico, correria e o fechamento total da Linha Amarela, uma das principais vias expressas da cidade, durante o horário de pico.
Bárbara chegou a ser socorrida e levada ao Hospital Geral de Bonsucesso, onde passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos. Um homem, identificado como participante do confronto, também foi baleado e segue internado.
De acordo com a Polícia Militar, agentes do 22° BPM (Maré) apreenderam um fuzil, munições e carregadores no local. Vídeos feitos por moradores mostram a intensidade do tiroteio: motoristas desesperados dando ré na contramão para fugir das balas, enquanto o som dos disparos ecoava por toda a região.
A 21ª DP (Bonsucesso) investiga o caso. O policiamento foi reforçado na região, mas a sensação de medo e impotência permanece entre os moradores e motoristas que usam a Linha Amarela diariamente.
O retrato de um país sitiado pelo crime
A morte de Bárbara não é um caso isolado — é o reflexo de um Brasil refém do narcoterrorismo, em que o poder paralelo das facções impõe o caos, desafia o Estado e transforma vias urbanas em campos de guerra. No Rio de Janeiro, comunidades inteiras convivem sob o domínio de grupos criminosos que ditam regras, cobram “pedágio” e ostentam armamento de guerra em plena luz do dia.
Essas mesmas facções, como o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro, estendem seus tentáculos por diversos estados e fronteiras, controlando rotas de drogas, armas e até influenciando decisões políticas locais. Enquanto isso, o cidadão comum — trabalhador, estudante, motorista de aplicativo — paga com a vida o preço da omissão e da leniência das autoridades.
O silêncio que fortalece o crime
A sociedade brasileira assiste, quase anestesiada, ao avanço do narcotráfico e à banalização da violência. Mas cada vítima inocente, como Bárbara, é um grito que denuncia o fracasso de um país que perdeu o monopólio da força e que precisa urgentemente rever suas estratégias de segurança pública.
A guerra urbana travada nas grandes cidades exige mais do que operações pontuais — requer inteligência, integração nacional e coragem política para enfrentar de frente o crime organizado que hoje se comporta como um exército paralelo.
Enquanto o Rio de Janeiro enterra mais uma vítima inocente, fica a pergunta que o país inteiro precisa fazer: até quando o narcoterrorismo continuará ditando o medo nas ruas e ceifando vidas impunemente?
Sem um plano de combate efetivo, o Brasil corre o risco de normalizar o inaceitável — viver em um país onde sair de casa é um ato de coragem e onde o Estado já não é quem garante a paz, mas quem chega depois da tragédia.
Por Marcos Soares
Jornalista – Analista Político instagram.com/@marcossoaresrj | instagram.com/@redegazetabrasil | instagram.com/@falageralnasruas
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