Castelo de Areia: Quando o amor desmorona e o Direito se posiciona

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Por Alice Loures, com a advogada Claudia Neves

Quem já sonhou com um casamento sabe que o altar não representa apenas flores e votos de amor eterno. Representa entrega. São sonhos entrelaçados, famílias envolvidas, contratos assinados, investimentos financeiros — e emocionais — que, muitas vezes, começam bem antes da troca de alianças.

Mas… e quando esse castelo rui pouco antes de se concretizar?

Recebemos no programa e agora também aqui na nossa coluna a advogada Claudia Neves, que nos trouxe um tema delicado, porém necessário: a responsabilidade civil pela desistência do casamento. Um conteúdo que não apenas informa, mas convida à reflexão sobre os limites entre o amor e o dever de respeito.

A liberdade de desistir… e a responsabilidade de como se desiste

Não, romper um noivado não é crime. O Direito assegura que o casamento só se realiza com o consentimento livre e espontâneo das partes. No entanto, como Claudia explicou, essa liberdade não significa ausência de consequências. E é aí que mora o ponto central da discussão.

Imagine ser abandonado às vésperas da cerimônia, com contratos pagos, fornecedores agendados, família convidada e expectativas a mil. Além da dor emocional, há o prejuízo financeiro e, muitas vezes, o constrangimento público. Nessas situações, os tribunais brasileiros têm reconhecido o direito à indenização com base na responsabilidade civil.

Não se trata de obrigar ninguém a casar… mas de exigir respeito

O Direito não quer punir quem decidiu não se casar. O que se discute é o como isso é feito. Quando a desistência vem sem diálogo, de forma unilateral, e deixa a outra parte em ruínas — emocionais e materiais —, a justiça pode e deve ser acionada.

Dano material, como nos explicou Claudia, pode ser comprovado com recibos, faturas e contratos. Já o dano moral requer uma análise mais sensível: houve humilhação? Exposição desnecessária? O abandono foi feito em público ou em cima da hora, sem qualquer cuidado?

Esses elementos configuram não só um rompimento amoroso, mas uma violação da confiança, da dignidade e da boa-fé, que deve estar presente até nos fins.

Amor não se cobra. Mas respeito, sim.

Essa foi, talvez, a frase mais marcante da nossa conversa com Claudia Neves. O Direito não quer prender corações, mas também não pode fechar os olhos para atitudes que geram sofrimento evitável.

A mensagem que fica é clara: se o amor terminou, que termine com cuidado. Que as despedidas sejam feitas com respeito. Que a liberdade de partir não destrua a dignidade de quem ficou.

Porque castelos de areia desmoronam. Mas quando se constrói com verdade, até o fim pode ser mais digno que a promessa.

 

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