MPRJ e PF avançam contra possível esquema criminoso no processo eleitoral de Macaé

Sede da Polícia Federal de Macaé. Macaé/RJ. Data: 02/02/2018. Foto: Rui Porto Filho
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O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da 8ª Promotoria Eleitoral que atua junto ao Núcleo de Garantias da Justiça Eleitoral, desencadeou uma ofensiva contra a infiltração de organizações criminosas na política de Macaé. Ao todo, 21 mandados de busca e apreensão foram expedidos contra quatro investigados por corrupção eleitoral, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.

Os mandados, autorizados pela Justiça, estão sendo cumpridos pela Polícia Federal nesta terça-feira (2), dentro da Operação Nova Capistrum, cujo nome faz referência ao histórico “voto de cabresto”, símbolo do controle político e do cerceamento da liberdade do eleitor.

Esquema envolveria facções, milícias e empresários

Segundo o MPRJ, a investigação — originada no Rio de Janeiro — aponta para uma complexa rede criminosa operando na engrenagem eleitoral macaense. Facções do tráfico e grupos paramilitares (narcomilícias) estariam atuando para coagir eleitores, financiar campanhas de forma ilícita, lavar dinheiro por meio de empresas contratadas pelo poder público e oferecer apoio territorial a determinados candidatos.

Entre os alvos estão empresários, agentes políticos e servidores públicos suspeitos de articular e sustentar o esquema. A apuração também identifica indivíduos com forte influência no tráfico de drogas e liderança em grupos paramilitares que dominam comunidades da região.

As equipes da PF afirmam ainda ter mapeado o uso de empresas de internet, distribuidoras de gás e outras estruturas empresariais em Macaé e no Estado da Paraíba para ocultação de recursos, movimentações de caixa dois e possíveis práticas de peculato.

Mandados também são cumpridos na Paraíba; condomínio de luxo é alvo

A Operação Nova Capistrum ultrapassou as fronteiras do Rio de Janeiro e alcançou a Paraíba. Na manhã desta terça-feira, agentes da Polícia Federal cumpriram mandados de busca na Região Metropolitana de João Pessoa.

Um dos endereços alvo foi um condomínio de alto padrão localizado no bairro de Intermares, em Cabedelo. Outros mandados foram executados na área central da capital paraibana.

Fontes consultadas afirmam que as diligências na Paraíba estão diretamente ligadas ao núcleo investigado em Macaé, reforçando a tese de que o esquema possuía ramificações interestaduais.

Possível vazamento 

Informações sigilosas indicam que a operação pode ter sofrido um vazamento prévio, aproximadamente uma semana antes da deflagração. Com isso, políticos supostamente envolvidos teriam sido orientados a trocar seus aparelhos celulares, numa tentativa de evitar rastreamentos e apreensões.

O MPRJ e a Polícia Federal não confirmam oficialmente o vazamento, mas tratam o episódio como ponto sensível da investigação.

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