A rotina de centenas de diabéticos em Macaé foi tomada por medo, incerteza e indignação.
Há semanas, pacientes que dependem de insulina — um medicamento vital, sem o qual muitos correm risco imediato — relatam que não encontram o fármaco nas unidades de saúde do município. O desabastecimento, que já se arrasta por dias, virou um drama silencioso que cresce a cada frasco vazio e a cada porta fechada nos postos de atendimento.
“É desesperador. A gente liga, vai até a unidade, pergunta, e nada. Ou paga caro, ou arrisca a saúde”, relatou uma moradora, lembrando que o preço da insulina nas farmácias privadas ultrapassa facilmente valores inviáveis para grande parte da população, especialmente para quem depende de doses contínuas.
A equipe de reportagem do Fala Geral nas Ruas esteve em diferentes bairros e conversou com pacientes que relatam a mesma realidade: a ausência total do medicamento. “É uma situação bastante complicada. Os pacientes precisam dessa medicação e não estão encontrando. Eles entraram em contato com a nossa equipe relatando a ausência do medicamento em diversas unidades de saúde de Macaé”, reforçou a reportagem.
Prefeitura transfere responsabilidade — mas pacientes continuam sem resposta
Em nota, a Prefeitura de Macaé atribuiu o problema ao Ministério da Saúde e ao governo estadual, alegando repasses irregulares e interrupção no abastecimento. O município afirma que a compra e a distribuição da insulina são responsabilidades das outras esferas.
Enquanto a discussão sobre de quem é a culpa se arrasta, quem mais perde é a população. Pacientes seguem sem qualquer previsão de normalização do estoque — e, para quem depende de insulina, cada dia sem o medicamento representa risco real de descompensação, internação e até morte.
“Não dá pra interromper o tratamento nem por um dia”, desabafa um dos usuários afetados. “A gente vive com medo.”
Contradição e cobrança
O episódio também expõe um contraste incômodo na gestão municipal: recentemente, o prefeito Welberth Rezende realizou ampla publicidade sobre a distribuição gratuita das canetas de emagrecimento pela prefeitura — um programa que, embora possa beneficiar parte da população, não é considerado medicamento essencial para a sobrevivência imediata de pacientes, ao contrário da insulina.
A pergunta que ecoa entre os moradores é direta: se há recursos e logística para distribuir medicamentos para emagrecimento, por que também não incluir a insulina?
Enquanto governo federal e estadual não se pronunciam e o município se limita a terceirizar responsabilidades, o drama continua.
Pacientes seguem à própria sorte, sustentando um tratamento de alto custo ou simplesmente torcendo para que o desabastecimento não se transforme em tragédia.
A equipe de reportagem segue buscando posicionamentos oficiais das demais esferas e continuará acompanhando o caso.





