Prefeita Daniela Soares é alvo de críticas após trocar empresa local por firma de Maricá envolvida em escândalos; relatório técnico aponta indícios graves de sobrepreço e irregularidades contratuais.
Um relatório técnico sobre o Contrato nº 055/2025, firmado pela Prefeitura de Araruama com a MRC Entretenimento, trouxe à tona uma série de indícios de superfaturamento e irregularidades administrativas que podem configurar grave dano ao erário público. O valor total do contrato — R$ 23,2 milhões — representa um aumento de 1.290% em relação ao anterior, firmado com a empresa local VIP Tendas.
A decisão da prefeita Daniela Soares de substituir uma fornecedora local por uma empresa sediada em Maricá, com envolvimento em escândalos em outras prefeituras, acendeu o alerta de técnicos e vereadores de oposição. A análise comparativa dos contratos é estarrecedora: um palco que antes custava R$ 1.177,50 passou a custar R$ 15.400,28, um salto de 1.208%. Já uma tenda de 15×44 metros subiu de R$ 1.000,00 para R$ 36.293,40, o que representa um aumento de 3.529%.
Outros itens, como tendas piramidais, grades de proteção e estruturas metálicas, também sofreram reajustes abusivos que variam entre 160% e 243%. O relatório aponta que não há justificativas técnicas ou econômicas plausíveis para tais aumentos, indicando possível direcionamento contratual e violação aos princípios da economicidade e da moralidade administrativa.
A situação torna-se ainda mais grave diante do histórico da MRC Entretenimento, investigada pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) por contratos milionários sem licitação no município de Itaguaí, além de aditivos irregulares firmados com a Prefeitura do Rio de Janeiro. Em ambos os casos, o modus operandi envolvia valores inflados, ausência de concorrência efetiva e favorecimento indevido em processos administrativos.
A contratação da MRC foi aprovada em tempo recorde, sem a devida análise da planilha de custos e sem justificativas para o rompimento do contrato anterior. A diferença de valores e a falta de transparência na execução do novo contrato levantam fortes suspeitas de superfaturamento e favorecimento político.
O caso deve ser investigado pelos órgãos de controle. Diante de aumentos dessa magnitude e do histórico da empresa, é essencial que o Ministério Público e o Tribunal de Contas apurem o processo licitatório e a execução contratual. Há claros indícios de lesão ao patrimônio público.
Enquanto isso, a população de Araruama observa com indignação a repetição de práticas que comprometem os cofres municipais e mancham a imagem da administração pública. O episódio revela um possível retrocesso na transparência e na responsabilidade fiscal, transformando um simples contrato de estrutura em um escândalo milionário.
— A reportagem seguirá acompanhando o caso e cobrando posicionamento oficial da Prefeitura e dos órgãos de controle.